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'A geografia é uma segunda paixão', conta aviador aposentado que se formou na UFSM

Rafael Favero

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal

Teomar trabalhou no setor de aviação agrícola

Nascido em Sobradinho, Teomar Benito Ceretta, 65 anos, fez parte da primeira turma de geógrafos formados pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1980. Na juventude, ele estudou em instituições de Faxinal do Soturno e Vale Vêneto, na Quarta Colônia. Teomar fez carreira como aviador, trabalhando em diversas cidades do Rio Grande do Sul. Aposentado, lançou o livro "Nas Asas da Linha do Tempo - Saint-Exupéry e os Companheiros da Aéropostale", que une suas paixões pela literatura e pela aviação. 

Diário - O senhor sempre quis ser aviador?

Teomar Benito Ceretta - Com certeza. Na introdução do meu livro Nas Asas da Linha do Tempo - Saint-Exupéry e os Companheiros da Aéropostale, faço uma breve apresentação da minha infância, quando já mostrava interesse em aviões. A paixão pela aviação foi se intensificando na medida em que eu crescia. Então, fui em busca de concretizar esse sonho. Larguei tudo para voar.

Diário - Por que escolheu cursar Geografia?

Teomar - A geografia é uma segunda paixão. Sempre tive que lutar contra as limitações materiais para fazer ser aviador. Ao concluir o Ensino Médio, sem ter as condições financeiras para bancar o curso na aviação, procurei um atalho. Então, em 1977, entrei para a UFSM para fazer parte da primeira turma de geógrafos. Não muito tempo depois da formatura, em 1980, fui convidado para lecionar geografia na antiga Fundação Missioneira de Ensino Superior, em Santo Ângelo.

Diário - Quais as principais lembranças que o senhor tem do período em que estava na UFSM?

Teomar - Foi uma fase marcante. Algumas disciplinas, tais como cartografia, aerofotogrametria e climatologia foram fundamentais para mim. Na verdade, essas disciplinas complementam o conhecimento e a aprendizagem da navegação aérea e da meteorologia aeronáutica, o que dá imenso valor para o curso teórico de aviador. Passei a ver a geografia com outros olhos. Ou seja, comecei a identificar na paisagem referências que me fizeram retornar à sala de aula, como a organização do espaço natural e a ação do homem, o relevo e suas esculturas, hidrografia e vegetação.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
No registro, com a mulher, Anete, e os filhos Teane e Jônatas

Diário - Como iniciou a carreira na aviação?

Teomar - Depois de passar quatro anos dividido entre o magistério e a aviação, deixei a sala de aula para dedicar-me inteiramente à pilotagem profissional na área de Serviço Aéreo Especializado. Neste meio tempo, por dois anos, fui instrutor de voo.

Diário - Nesta profissão, quais experiências mais lhe marcaram?

Teomar - No Serviço Aéreo Especializado, no setor da aviação agrícola, cada saída para voo é marcante. Passei 33 anos voando a dois metros do solo. Isto, por si só, exige dos aviadores uma grande responsabilidade. Rigor profissional é uma exigência constante na nossa carreira. O que mais me marcou, infelizmente, foi a perda de pessoas, grandes profissionais, que eram meus amigos. Iniciei minha carreira em Santa Vitória do Palmar, dividindo grande parte do tempo com Cruz Alta, onde vivi por 28 anos. Também tive passagens por Santo Augusto, Santa Bárbara, Rosário do Sul, Bagé e Pelotas, em períodos intercalados.

Diário - E a veia de escritor? Como surgiu?

Teomar - O interesse em escrever surgiu como um desafio. Primeiramente, por ter lido muito Saint-Exupéry e, também, sobre ele. Percebi que havia uma lacuna desconhecida para ser explorada a respeito do autor de O Pequeno Príncipe. O que sabemos sobre ele são os breves comentários dos editores nas orelhas de capa dos seus romances. Então, para conhecê-lo melhor, resgatei uma epopeia francesa, da qual Saint-Exupéry fez parte, e encaixei a história de vida dele. Acredito que o leitor se surpreenda ao conhecer a trajetória desse grande escritor.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Capa do livro "Nas Asas da Linha do Tempo - Saint-Exupéry e os Companheiros da Aéropostale", primeiro livro lançado pelo escritor

Diário - Qual é o foco do "Nas Asas da Linha do Tempo - Saint-Exupéry e os Companheiros da Aéropostale" ?

Teomar - Saint-Exupéry foi um aviador e humanista que deixou um império literário de profundidade. A narrativa do livro resgata uma história pouco conhecida no Brasil sobre o Correio Aéreo Francês.

Diário - É o primeiro livro que o senhor escreveu?

Teomar - É o meu primeiro trabalho impresso. Mesmo tendo vasto conhecimento sobre a aviação postal francesa, para escrever, reuni o que pude de informações sobre essa epopeia.

Diário - Onde buscou elementos para a obra?

Teomar - Grande parte da bibliografia consultada pertence aos pioneiros desse empreendimento. Aviadores, mecânicos de avião e radiotelegrafistas deixaram para a posteridade relevantes depoimentos, nos quais testemunham suas ações na obra da qual fizeram parte. Evidentemente, para dar prosseguimento a essas pesquisas, viajei para Buenos Aires, San Carlos, na província de Mendoza, Concórdia, na província de Entre Ríos, e Paris, onde colhi indispensáveis elementos para a narrativa.

Diário - Quais são seus próximos projetos?

Teomar - Há três anos, Anete e eu passamos a residir em Florianópolis. Particularmente, escolhi um novo cenário para desfrutar da minha rotina de aposentado. Encerrei a carreira em 2019, já no limite de 65 anos de idade. Por isso, decidimos, neste momento importante de nossas vidas, estarmos mais perto dos filhos, Teane e Jônatas, que já moravam em Santa Catarina. Ela é comissária de voo e nos deu a alegria da vida, nosso neto Murilo. Jônatas também escolheu o mundo da aviação. Ele é aviador de grandes jatos comerciais.

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